quarta-feira, 14 de março de 2012

Um bom exemplo ...

As exigências de um jogador profissional
Jonah Callenbach

Jonah Callenbach 

Depois da minha pré-época, eu tinha grandes expectativas para o ano. Criei objetivos altos, que acabaram por ser muito mais difíceis de atingir do que eu esperava. Quando começou a época de verdade eu vi como os meus minutos foram decrescendo jogo após jogo, até acabar por passar um mês a jogar 2 minutos por jogo. Foi muito difícil para mim, eu vi que os meus problemas defensivos e táticos (para uma liga profissional) não me permitiam jogar o tempo que eu queria jogar. Tinha a sensação de que no ataque conseguía contribuir sem problemas, mas que na defesa colectiva especialmente (defesa de bloqueios diretos e indiretos, as posições de ajuda, etc.) tinha demasiadas falhas.
O meu treinador disse-me que não me podia deixar jogar muito tempo até que corrigisse os meus erros na defesa. Ou seja, os minutos não eram oferecidos.
Para uma pessoa que dedica a vida a jogar basquete, que adora o desporto e que tem objetivos e esperanças tão altas, não há nada mais frustrante e desmotivador que não jogar... Eu percebi que nada iria ser oferecido, se eu não estivesse no mesmo nível que os outros jogadores da minha equipa, no nível exigido pela liga, eu não ia jogar. Ficou claro que o que eu consegui o ano passado em juniores não servia para nada este ano. Foi necessário mudar de mentalidade.
Aproveitei conselhos dos mais experientes da minha equipa. Comecei a ir ao ginásio 4 vezes por semana, em vez de ir só as duas vezes exigidas pela equipa. Nos treinos comecei a pôr objetivos indivuais, a esforçar-me mais, a concentrar-me mais (ahaha outro problema meu) e a jogar mais agressivo. E adoro dizer que não demorou muito até sentir melhoras no meu jogo, defensivas, táticas, melhoras no ataque também, no meu físico e a ganhar grande parte da confiança que tinha perdido quando as coisas não estavam a correr bem. 
O último mês e meio foi interessante, andava a treinar muito bem mas ainda não conseguia traduzi-lo para os jogos, e depois lesionei-me... O meu cotovelo dobrou para trás num treino e fiquei de fora duas semanas, acabou por não ser nada sério mas continuo a sentir dores a jogar. Quando voltei, tive que me adaptar de novo e tive um período sem poder jogar a 100%. Quando finalmente comecei a jogar sem que o cotovelo me afetasse, fiquei espantado quando o meu treinador me meteu no 5 inicial no jogo contra a equipa da LEB Prata do Joventut, e com a tarefa de defender o melhor marcador deles nas posições exteriores. Abri o marcador da equipa com um triplo e na defesa estava a fazer um ótimo trabalho. Quando faltavam 2 minutos para acabar o período, torci o pé e não voltei a entrar no jogo, foi super frustrante! E foi difícil lidar com isso no momento.
Apesar de não ter feito o que queria fazer, adorei a oportunidade de começar no 5, da pressão e da confiança do treinador em mim. É um começo, mas sinto-me confiante a jogar, deixei de ser um buraco na defesa e sinto-me sólido quando o estou a fazer. Ao contrário Do inicio da época estou preparado para jogar mais minutos e aceitar um papel mais importante na equipa. 
Este fim de semana tivemos a difícil tarefa de jogar contra o River Andorra, líderes do campeonato com 12 vitórias consecutivas (a última derrota deles foi contra nós quando metemos um triplo no último segundo para ganhar o jogo). Com duas vitórias mais, o Andorra subia diretamente à LEB Ouro e ganhava o campeonato, e nós com uma vitória mais tinhamos o lugar nos playoffs garantido. Um jogo super difícil e uma grande prova para a nossa equipa. Foi um jogo equilibrado até o final, acabou por decidir-se no último minuto e por má sorte perdemos nas últimas jogadas. Estivemos quase a ganhar o jogo e por isso estamos orgulhosos. O jogo ficou marcado como o melhor da minha carreira profissional com 12 pontos. É um começo! Amanhã estamos a treinar outra vez...
Por hoje chega, espero não ter escrito demasiado ahah! Estou consciente de quem sou e do que ainda tenho para melhorar, sei que não sou um jogador da ACB nem nada ainda, mas acho que mesmo assim podia deixar uma mensagem aos jogadores de formação em Portugal e partilhar alguma da experiência que adquiri este ano. Queria dizer simplesmente que se querem chegar ao topo, têm que ter os objetivos altos e não comparar-se com os outros cadetes ou juniores, etc. da vossa região, pensar maior que isso! Não ficar satisfeitos, porque pode-se melhorar sempre... E pensar no futuro, para jogar em seniores é preciso conseguir defender e não perder bolas. Por isso trabalhem a defesa, o passe, o entendimento do jogo, o físico, tudo o que não aparece na estatística.
Muita gente pode pensar que é desnecessário dizer tudo isto, mas no ano passado em juniores eu não fazia a mínima ideia do exigido a um jogador profissional.